A Minha Experiência

04-04-2009 14:58

Era mais um ano letivo que ia começar, e uma nova realidade a conhecer…

Como é hábito, em setembro, reuni com os pais das crianças, fazendo assim o primeiro contacto com os Encarregados de Educação dos que iriam ser “ os meus alunos”.

No final da reunião e após tudo ter decorrido dentro da normalidade um casal aproximou-se de mim e disse: “ - … o nosso filho é diabético.”

O meu pensamento foi: “ E agora?”

Quando tirei o curso estudei várias doenças relacionadas com o desenvolvimento das crianças e das suas aprendizagens, mas nunca se falou em crianças diabéticas. Lecionei por vários locais no nosso país, incluindo Madeira e Açores, mas nunca tive alunos diabéticos.

Então logo nesse dia, fui recolher informação e investigar o problema.

Os pais logo de início deram-me a informação essencial e depois, com o passar dos dias, fui aprendendo a lidar com a situação.

O aluno tinha acabado de entrar para o primeiro ano e ainda não sabia ler os valores. Eu limitava-me a cumprir o que os pais me iam solicitando. Tentava fazer o melhor que podia, porque era fundamental eles confiarem em mim e estarem minimamente descansados enquanto o filho estivesse na escola.

Por vezes há o receio que, a qualquer momento, algo possa falhar, mas isso certamente também acontece em casa.

A criança na sala de aula é um aluno igual aos outros e faz tudo o que os outros fazem.

Geralmente, lancha quinze minutos antes dos colegas, mas isso em nada interfere com o normal funcionamento das atividades.

À saída para o almoço, tem que se picar, mas isso é um ritual que faz parte, tal como lavar as mãos antes de comer.

De vez em quando a criança tem quebra de valores entre as catorze e trinta e as quinze horas, mas já conheço tão bem os sinais que às vezes basta uma troca de olhar para saber que o melhor é ir picar.

Houve colegas que no início me assustavam e me diziam: “ … e se ele entrar em coma?”

Mas os próprios pais sabem que isso pode acontecer tanto na escola, como em casa, como noutro local qualquer.

É preciso é estarmos atentos, com o vigiar permanente e a colaboração incondicional dos pais. A sintonia entre professor e pais é fundamental.

Está a ser um desafio e uma experiência marcante, porque se voltar a ter um aluno diabético já tenho a lição estudada.

Até breve

 

Maria da Conceição Andrade Silva

(Professora Primária)