A Minha Experiência
Era mais um ano letivo que ia começar, e uma nova realidade a conhecer…
Como é hábito, em setembro, reuni com os pais das crianças, fazendo assim o primeiro contacto com os Encarregados de Educação dos que iriam ser “ os meus alunos”.
No final da reunião e após tudo ter decorrido dentro da normalidade um casal aproximou-se de mim e disse: “ - … o nosso filho é diabético.”
O meu pensamento foi: “ E agora?”
Quando tirei o curso estudei várias doenças relacionadas com o desenvolvimento das crianças e das suas aprendizagens, mas nunca se falou em crianças diabéticas. Lecionei por vários locais no nosso país, incluindo Madeira e Açores, mas nunca tive alunos diabéticos.
Então logo nesse dia, fui recolher informação e investigar o problema.
Os pais logo de início deram-me a informação essencial e depois, com o passar dos dias, fui aprendendo a lidar com a situação.
O aluno tinha acabado de entrar para o primeiro ano e ainda não sabia ler os valores. Eu limitava-me a cumprir o que os pais me iam solicitando. Tentava fazer o melhor que podia, porque era fundamental eles confiarem em mim e estarem minimamente descansados enquanto o filho estivesse na escola.
Por vezes há o receio que, a qualquer momento, algo possa falhar, mas isso certamente também acontece em casa.
A criança na sala de aula é um aluno igual aos outros e faz tudo o que os outros fazem.
Geralmente, lancha quinze minutos antes dos colegas, mas isso em nada interfere com o normal funcionamento das atividades.
À saída para o almoço, tem que se picar, mas isso é um ritual que faz parte, tal como lavar as mãos antes de comer.
De vez em quando a criança tem quebra de valores entre as catorze e trinta e as quinze horas, mas já conheço tão bem os sinais que às vezes basta uma troca de olhar para saber que o melhor é ir picar.
Houve colegas que no início me assustavam e me diziam: “ … e se ele entrar em coma?”
Mas os próprios pais sabem que isso pode acontecer tanto na escola, como em casa, como noutro local qualquer.
É preciso é estarmos atentos, com o vigiar permanente e a colaboração incondicional dos pais. A sintonia entre professor e pais é fundamental.
Está a ser um desafio e uma experiência marcante, porque se voltar a ter um aluno diabético já tenho a lição estudada.
Até breve
Maria da Conceição Andrade Silva
(Professora Primária)